"Joguei pedrinhas na água, de pesadas foram ao fundo. Então os peixinhos disseram: - Ei, pára de jogar pedra aqui!" ¡Pablo Moraïs!
domingo, 19 de março de 2023
❤# BOA NOITE - QUE A DIVINA LUZ DE JESUS SEJA SEMPRE A LUZ DA NOSSA VIDA
❤# BOA NOITE - QUE A DIVINA LUZ DE JESUS SEJA SEMPRE A LUZ DA NOSSA VIDA
Boa noite!
Que a Divina Luz de Jesus seja sempre a luz da nossa vida.
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👤# CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - SO E LUTADOR QUEM SABE LUTAR CONSIGO MESMO
👤# CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - SO E LUTADOR QUEM SABE LUTAR CONSIGO MESMO
Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.
Carlos Drummond de Andrade
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✌# 19 DE MARCO - DIA DE SAO JOSE - SAO JOSE ROGAI POR NOS QUE RECORREMOS A VOS
✌# 19 DE MARCO - DIA DE SAO JOSE - SAO JOSE ROGAI POR NOS QUE RECORREMOS A VOS
“Ó glorioso São José, a quem foi dado o poder de
tornar possível as coisas humanamente
impossíveis, vinde em nosso auxílio nas
dificuldades em que nos achamos.
Tomai sob vossa proteção a causa importante que vos
confiamos, para que tenha uma solução favorável.
Ó Pai muito amado, em vós depositamos toda a
nossa confiança. Que ninguém possa jamais dizer
que vos invocamos em vão. Já que tudo podeis
junto a Jesus e Maria, mostrai-nos que vossa
bondade é igual ao vosso poder.
São José, a quem Deus confiou o cuidado da mais
santa família que jamais houve, sede, nós vos
pedimos, o pai e protetor da nossa, e impetrai-nos
a graça de vivermos e morrermos no amor de
Jesus e Maria.
São José, rogai por nós que recorremos a vós.”
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👤# CLARICE LISPECTOR - FELICIDADE CLANDESTINA - EU NAO SOU BAIXINHA - EU SOU COMPACTA
👤# CLARICE LISPECTOR - FELICIDADE CLANDESTINA - EU NAO SOU BAIXINHA - EU SOU COMPACTA
Clarice Lispector - Felicidade Clandestina
Ela
era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio
arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos
achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por
cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora
de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco
aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo
menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da
loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde
morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra
bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
Mas
que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança,
chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que
éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos
livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha
ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia:
continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até
que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma
tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações
de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era
um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele,
comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me
que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até
o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu
não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me
traziam.
No
dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num
sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para
meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que
eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar,
mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a
andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de
Recife.
Dessa
vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os
dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo
me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma
vez. Mas não ficou simplesmente nisso.
O
plano secreto da filha do dono de livraria era tranqüilo e diabólico.
No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o
coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava
em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais
tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se
repetir com meu coração batendo.
E
assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo
indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu
já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes
adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me
fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto
tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. As vezes
ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio
de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada
a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos
espantados.
Até
que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e
silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a
aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu
explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de
palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o
fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se
para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu
daqui de casa e você nem quis ler!
E
o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia
ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em
silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a
menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi
então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha:
você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o
livro por quanto tempo quiser."
Entendem?
Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o
que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como
contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na
mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando
como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso
com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até
chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu
coração pensativo.
Chegando
em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o
susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas,
fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão
com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o,
abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para
aquela coisa clandestina que era a felicidade.
A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar...
Havia
orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me
na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em
êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher
com o seu amante.
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👤# MARTHA MEDEIROS - NAO GOSTO DA VIDA EM BANHO-MARIA - GOSTO DE FOGO PIMENTA ALHO ERVAS - POR UM TRIZ NAO SOU UMA BRUXA
👤# MARTHA MEDEIROS - NAO GOSTO DA VIDA EM BANHO-MARIA - GOSTO DE FOGO PIMENTA ALHO ERVAS - POR UM TRIZ NAO SOU UMA BRUXA
Martha Medeiros
"Não gosto da vida em banho-maria, gosto de fogo, pimenta, alho, ervas, por um triz não sou uma bruxa."
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👤# LIDIA VASCONCELOS - TUAS MAOS
👤# LIDIA VASCONCELOS - TUAS MAOS
Essas mãos tão calejadas,
Ásperas como só elas!
São as mais desejadas,
Para mim, são as mais belas.
Não escrevem poesia.
Nem impunham o diapasão;
Mas se me tocam, que sinfonia
Explode em meu coração!
Ah, essas negras mãos tuas!
Perfeitas, profanas, perversas...
Fazem-me enxergar mil luas,
Fazem-me quebrar promessas.
Lídia Vasconcelos
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👤# LIDIA VASCONCELOS - ARAMES FARPADOS NAO INTIMIDAM PASSARINHOS QUE SABEM VOAR
👤# LIDIA VASCONCELOS - ARAMES FARPADOS NAO INTIMIDAM PASSARINHOS QUE SABEM VOAR
Lidia Vasconcelos
Arames farpados não intimidam passarinhos que sabem voar.
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☝# PARA QUEM NAO SABE PARA ONDE VAI QUALQUER CAMINHO SERVE
☝# PARA QUEM NAO SABE PARA ONDE VAI QUALQUER CAMINHO SERVE
ALICE: Você pode me ajudar?
GATO: Sim, pois não.
ALICE: Para onde vai essa estrada?
GATO: Para onde você quer ir?
ALICE: Eu não sei, estou perdida.
GATO: Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve...
As
Aventuras de Alice no País das Maravilhas, frequentemente abreviado
para Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland) é a obra
infantil mais conhecida de Charles Lutwidge Dodgson, publicada a 4 de
julho de 1865 sob o pseudônimo de Lewis Carroll. É uma das obras mais
célebres do gênero literário nonsense.
Gato Risonho: Gato de Cheshire (Cheshire Cat)
O
Gato de Cheshire, Gato Risonho, Gato Listrado ou Gato Que Ri é um gato
fictício famoso através do livro Alice no País das Maravilhas de Lewis
Carroll. A personagem é principalmente caracterizada pelo seu sorriso
pronunciado. Embora mais celebrado relacionando-se a Alice no País das
Maravilhas, o Gato de Cheshire antecede o romance de 1865 e transcende o
contexto de literatura. Evidencia-se também na cultura popular e na
mídia - da propaganda política à televisão - , sendo alvo de diversos
estudos. Uma da suas características mais distintas é que, de tempos em
tempos, o seu corpo desaparece, com a última parte visível sendo o seu
icónico sorriso.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alice_no_País_das_Maravilhas
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👤# CHARLES BAUDELAIRE - QUEM NAO SABE POVOAR SUA SOLIDAO TAMBEM NAO SABERA FICAR SOZINHO EM MEIO A UMA MULTIDAO
👤# CHARLES BAUDELAIRE - QUEM NAO SABE POVOAR SUA SOLIDAO TAMBEM NAO SABERA FICAR SOZINHO EM MEIO A UMA MULTIDAO
Charles Baudelaire
Quem não sabe povoar sua solidão também não saberá ficar sozinho em meio a uma multidão.
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👤# CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - A MAQUINA DO MUNDO
👤# CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - A MAQUINA DO MUNDO
A Máquina do Mundo - Carlos Drummond de Andrade
E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar
toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.
Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera
e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,
convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,
assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco o simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,
a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
“O que procuraste em ti ou fora de
teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,
olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,
essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo
se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste… vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”
As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge
distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos
e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber
no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar
na estranha ordem geométrica de tudo,
e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que tantos
monumentos erguidos à verdade;
e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,
tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.
Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,
a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;
como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face
que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,
passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes
em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,
baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.
A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mão pensas.
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar
toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.
Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera
e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,
convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,
assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco o simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,
a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
“O que procuraste em ti ou fora de
teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,
olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,
essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo
se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste… vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”
As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge
distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos
e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber
no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar
na estranha ordem geométrica de tudo,
e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que tantos
monumentos erguidos à verdade;
e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,
tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.
Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,
a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;
como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face
que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,
passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes
em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,
baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.
A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mão pensas.
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👤# CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - A BUNDA
A bunda, que engraçada. Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos ainda lhes falta muito que estudar.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas em rotundo meneio. Anda por si na cadência mimosa, no milagre de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte por conta própria. E ama.
Na cama agita-se.
Montanhas avolumam-se, descem. Ondas batendo numa praia infinita.
Na cama agita-se.
Montanhas avolumam-se, descem. Ondas batendo numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda, redunda.
Carlos Drummond de Andrade
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👤# CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - O AMOR
👤# CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - O AMOR
Carlos Drummond de Andrade - O Amor
Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.
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👤# PABLO NERUDA - VOCE E LIVRE PARA FAZER SUAS ESCOLHAS Pablo Neruda
👤# PABLO NERUDA - VOCE E LIVRE PARA FAZER SUAS ESCOLHAS
Pablo Neruda
Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências.
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✌# 19 DE ABRIL - DIA DO INDIO - ALDEIA CONECTADA - FACEBOOK E ORKUT
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