domingo, 9 de julho de 2006

PABLO NERUDA - O POCO




O POÇO... Cais, às vezes, afundas em teu fosso de silêncio, em teu abismo de orgulhosa cólera, e mal consegues voltar, trazendo restos do que achaste pelas profundezas da tua existência. Meu amor, o que encontras sem teu poço fechado? Algas, pântanos, rochas? O que vês, de olhos cegos, rancorosa e ferida? Não acharás, amor, no poço em que cais o que na altura guardo para ti: um ramo de jasmins todo orvalhado, um beijo mais profundo que esse abismo. Não me temas, não caias de novo em teu rancor. Sacode a minha palavra que te veio ferir deixa que ela voe pela janela aberta. Ela voltará a ferir-me sem que tu a dirijas, porque foi carregada com um instante duro e esse instante será desarmado em meu peito. Radiosa me sorris e minha boca fere. Não sou um pastor doce como em contos de fadas, mas um lenhador que comparte contigo terras, vento e espinhos das montanhas. Dá-me amor, me sorri e me ajuda a ser bom. Não te firas em mim, seria inútil, não me firas a mim porque te feres.

***** Pablo Neruda.
.

✌# 19 DE ABRIL - DIA DO INDIO - ALDEIA CONECTADA - FACEBOOK E ORKUT

    ✌# 19 DE ABRIL - DIA DO INDIO - ALDEIA CONECTADA - FACEBOOK E ORKUT       Hashtags:   # 🙀 , #hashtags 🙀 , ★#, ★#Junião, ✌#, ✌# 04ABR...