quarta-feira, 2 de março de 2005

CAETANO VELOSO - UM ÍNDIO

Caetano Veloso - Um Índio

Um índio descerá de uma estrela colorida brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no hemisfério sul da américa num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros, das fontes, de água límpida
Mais avançado que a mais avançadas das mais avançadas das tecnologias

Virá
Impávido que nem Muhammad Ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee
Virá que eu vi
O axé do afoxé Filhos de Ghandi
Virá

Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto, em cheiro,
em sombra, em luz, em som, magnífico
Num ponto eqüidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto sim, resplandecente, descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer assim de um modo explícito

( )

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio

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